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Ciranda Cirandinha

A aventura de se ser Mãe e Mulher

4º aniversário da Beatriz

Wednesday, November 17, 2004

3º Capítulo - A hora H

Depois do telefonema da minha médica a avisar-me que era agora ou nunca, foi um tal corre-corre naquela casa. Depois de ter posto toda a gente ainda mais nervosa que eu, lá consegui sair de casa, mais barriguda que nunca e curiosamente calma, dadas as circunstâncias. Agarrei na mala, no meu pai, no pai da criança – que tinha chegado por volta das 11 horas da noite de sábado, para vir cá passar estes dias - meti-os no carro e, perante o olhar reprovador e duvidoso deste último, entrei para o lugar de condutor e assim fui, a conduzir até ao hospital. Nos últimos 2 meses custava-me muito andar de carro com outra pessoa ao volante. Qualquer lomba ou irregularidade no piso era sentida pela minha barriga 10 vezes mais. Daí, a partir dos 7 meses de gravidez, raramente aceitei ser conduzida por outra pessoa.

E pronto, às 11 da amanhã estava internada já e a ser preparada para a hora H que se aproximava a uma velocidade estonteante - independentemente de eu assim o desejar, ou não. Fiquei no 7º andar, num quarto com duas camas, dois armários, um cadeirão vermelho muito confortável (para a amamentação), uma televisão, casa de banho particular e uma vista encantada sobre a cidade. Uma priveligiada, eu sei. E o dia estava lindo… Um dia de Primavera como há poucos, lembro-me de o sentir, mas talvez fosse de mim… ;)

Induziram-me o parto duas vezes. Da primeira vez (com um gel), quando tudo parecia encaminhado, as contracções -que duravam já há horas - começaram a abrandar. A segunda indução foi feita através do soro. Mais eficaz, disseram-me. E de facto, pouco tempo depois, lá estava eu a todo o vapor, com contracções atrás de contracções. Só não fazia era a dilatação. Depois de alguns exames de toque, eu continuava a apresentar apenas 2 dedos de dilatação. E, a certa altura, aconteceu aquilo que eu não queria nada que acontecesse. O coração da Beatriz começou a abrandar a cada contracção minha e, sem mais, resolveram fazer-me uma cesariana. A bebé estava em sofrimento…

Acho que chorei como nunca tinha chorado. Não sei se por dores, se por uma explosão de nervos tão contida até ali, se pela perspectiva da cesariana que eu não tinha desejado, ou se pela ideia de ter a minha filha a sofrer dentro de mim. Mal conseguia falar. Mal consegui pensar. Mal conseguia estar consciente, acho mesmo.

Por volta das 8 horas da noite, entrava eu no bloco operatório para me prepararem. E, do alto do meu tumulto, lembro-me de achar toda a equipa uma simpatia. Lembro-me da dificuldade e da confusão que causou a um dos membros da equipe, a simples tentativa de prender os meus longos e vastos caracóis negros, primeiro com uma touca do hospital e depois com duas!! Heheheh E lembro-me, ainda tão bem, de ter “zombado” com ele, quando ele finalmente desistiu e arranjou um baraço para me fazer uma espécie de tutu no alto da cabeça. :D Lembro-me que - contrariamente ao que se pode pensar - estava muito bem disposta e tranquila. Talvez, aliviada porque todo aquele dia de dores, sofrimento e ansiedade estava finalmente a chegar ao fim, sabendo que iria ter a minha menina nos meus braços num curto espaço de tempo.

Lá me deram uma epidural (ou várias). Finalmente, estavam já a cortar esta mãe, e a puxar a minha tão desejada cachopa cá para fora, quando de repente comecei a sentir o que me estavam a fazer. Incrédulos, deram-me mais 2 doses de epidural. Continuei a sentir dores. Foi o suficiente, ofereceram-me num sono de beleza, com uma anestesia geral. Um minuto mais tarde, mais precisamente às 20:40h da noite do dia 19 de Maio de 2002, com 48,5 cm de altura, 2.950 Kg de peso, estava ela cá fora, separada finalmente de mim e pronta para começar a vida, a minha Beatriz!

E eu, despojada já do meu mais precioso bem, acordei no recobro, algum tempo depois, sentindo-me confusa, sozinha, vazia e, acima de tudo, mais angustiada do que nunca. É que, apesar de todos me garantirem que a bebé estava muito bem e que tinha corrido tudo bem, eu não estivera lá para ver por mim e – acima de tudo – ainda não tinha visto a MINHA filha com os meus próprios olhos!

Só sosseguei quando isso finalmente aconteceu. Já passava da meia-noite, quando me levaram de volta ao meu quarto e ma trouxeram para os meus braços de mãe. E foi a coisa mais linda que alguma vez vi. E ali estava a razão de toda a minha existência. E disso não tenho até hoje qualquer dúvida…

E aqui ficam, para já, as primeiras fotografias da minha mais que tudo, com menos de 24 horas de vida.


Ai... Que saudades tão grandes ;)

*** Ciranda

5 Comments:

At 10:46 AM, November 17, 2004, Blogger Margarida Atheling said...

Ai Ciranda... O que é que se diz nestes momentos?
Estou sem palavras e com um nó na garganta!
É o milagre da vida, não é? É um milagre...
Mesmo que já tenha passado algum tempo, parece sempre que aconteceu neste instante. E não há nada mais forte, nem mais bonito, nem mais mágico...
Parabéns!
Bjs

 
At 11:37 AM, November 17, 2004, Anonymous Anonymous said...

Olá Minha Linda!

És uma chata do caraças, quase que dá vontade de ter um filhote quando te ouço e vejo falar assim!
Além disso, o tempo passa, não é? Eu nem queria acreditar no que lia quando me mandaste à 3 anos uma mensagem a dizer que estava na hora de começar a comprar baby-grows!

beijos para as duas, Sandra

 
At 1:44 PM, November 17, 2004, Blogger Ana Rangel said...

Linda!!! Estou sem palavras...
Vai ser inesquecível para a Bea ler as tuas palavras!!!
Abraço!

 
At 10:43 AM, November 18, 2004, Anonymous Anonymous said...

Eu que nem sequer no ET choro, estou aqui toda comovida! Abóbora! És uma felizarda! Não quero saber mais nada! Estou roída de ciúmes! humpft!
;-)
Beijos
Gracinha

 
At 10:25 PM, November 18, 2004, Blogger mena said...

coisa mai linda :)
palavras para quê??
beijinhos
t&v

 

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